Com a descoberta recente de um surpreendente fenômeno geológico na cidade de Maceió, a mineração do Sal-Gema tem sido alvo de muitas discussões. A cidade tem sofrido com o afundamento de sua terra, o que resultou na evacuação de vários bairros. O culpado por trás deste fenômeno alarmante é o Sal-Gema, mais especificamente, a mineração deste mineral. Nesta matéria do Dicas do Dia mergulharemos profundamente para entender o que é o Sal-Gema e como sua extração está afetando o solo em Maceió.
O que é Sal-Gema
O Sal-Gema, mais conhecido como cloreto de sódio, é um mineral encontrado em depósitos subterrâneos. Diferentemente do sal de cozinha que extraímos do mar, o Sal-Gema é encontrado em jazidas formadas há milhares de anos a partir da evaporação de partes do oceano. Devido à sua abundância, o Sal-Gema é amplamente utilizado na indústria química para a produção de soda cáustica e policloreto de vinila.
Mineração de Sal-Gema em Maceió
A extração de Sal-Gema em Maceió começou em 1976 pela então conhecida empresa Salgema Indústrias Químicas S/A, atualmente chamada de Braskem. O processo de extração consistia em perfurar poços e injetar água na camada de sal, criando uma salmoura. Esta solução era então retirada das minas para a superfície e os poços perfurados eram preenchidos com material líquido para garantir uma certa estabilidade ao solo.
A situação em Maceió
A situação em Maceió começou a se agravar a partir de fevereiro de 2018, quando fortes chuvas e um tremor de terra afetaram a capital alagoana, principalmente o bairro do Pinheiro. Desde então, foram identificadas rachaduras em ruas e edificações, levando a investigações sobre as possíveis causas desses problemas.
Em junho de 2018, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciou uma investigação para entender a relação entre as rachaduras e a mineração de Sal-Gema na região. Os estudos revelaram que a presença de falhas geológicas pode ter levado ao vazamento de líquido e à despressurização dos poços de extração, resultando no afundamento do solo.
Problemas na Mineração
Infelizmente, a mineração de Sal-Gema em Maceió não ocorreu sem problemas. Um vazamento de líquido nas minas da Braskem causou instabilidade no solo, resultando no afundamento observado em cinco bairros da cidade. O ritmo de afundamento foi tão rápido que chegou a 62 centímetros por dia.
Impacto Urbano
O impacto deste afundamento na vida urbana tem sido devastador. Desde 2018, quando as primeiras rachaduras em casas e ruas começaram a aparecer, mais de 14 mil propriedades foram desocupadas, afetando cerca de 55 mil pessoas. Vários bairros, incluindo Mutange, Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro, foram parcial ou totalmente evacuados.
Resposta da Braskem
Em resposta à situação, a Braskem afirmou que está monitorando de perto a situação da mina e tomando todas as medidas possíveis para minimizar o impacto de possíveis ocorrências. A empresa também está colaborando com as autoridades competentes para lidar com a situação.
Opinião dos Especialistas
Especialistas acreditam que o crescimento urbano desde a construção das minas pode ter contribuído para o desastre. O professor de Geologia da UFSC, João Carlos Rocha Gré, compara o espaço subterrâneo deixado pelas minas a um “formigueiro”. Segundo ele, o peso da urbanização causa o abatimento do solo, especialmente quando a espessura do solo não suporta o peso das construções urbanas.
O caso do afundamento do solo em Maceió é um exemplo claro das consequências não intencionais da mineração. Maceió possui 35 minas de Sal-Gema em sua área urbana, que funcionaram até 2019. A situação atual da cidade serve como um lembrete de que a mineração deve ser realizada de maneira responsável e sustentável, considerando seu impacto no meio ambiente e na sociedade.